Problemas com o sono durante a quarentena?

Preste atenção no tempo que você passa no celular (principalmente antes de dormir)

‘Pessoas que gastaram um tempo superior a 3 horas diárias em informações referentes à pandemia apresentaram maior risco à insônia’, explica médica neurologista.

O alerta não é de agora. Telas e, principalmente, as luzes emitidas por elas têm um efeito negativo sobre o sono. A pandemia do novo coronavírus e seu impacto global sobre a vida das pessoas vêm prejudicando por vários motivos a quantidade de horas que dormimos, mas o uso excessivo do celular por meio do consumo exacerbado de informação desponta como um dos principais fatores.

Celular antes de dormir afeta sono, hormônios e desenvolvimento infantil

“Os países que já passaram pela quarentena mostram que pessoas mais jovens (inferior a 35 anos), mulheres (principais responsáveis pelos cuidados do lar), e as pessoas que gastaram um tempo superior a 3 horas diárias em informações referentes à pandemia apresentaram maior risco à insônia”, explica a médica neurologista, diretora da Associação Brasileira do Sono, Márcia Assis.

O médico otorrinolaringologista e especialista em distúrbios do sono Davi Sandes Sobral explica que a luminosidade artificial emitida pelas telas, quando é “detectada na retina, impede a liberação correta de melatonina, que é um hormônio produzido no cérebro diretamente relacionado com o desencadear do sono”.

Sobral destaca o celular como a pior das telas no que diz respeito à interferência do sono, pois “fica muito próxima do rosto e são LEDs muito potentes.”


Por isso, para que nosso cérebro entenda que é hora de dormir, o ideal é não levar tablet, celular, computador e televisão para o quarto. “Não abra o e-mail ou veja as redes sociais quando estiver deitado para dormir”, indica Sobral.

Márcia Assis, da Associação Brasileira do Sono, ressalta que dormir bem durante este momento também é uma forma de se prevenir contra a Covid-19, uma vez que “o sono é importante para o nosso bem estar físico e emocional fundamental, assim como para a nossa imunidade. Por isso, podemos dizer que o sono se torna ainda mais valioso durante a pandemia.”

Controle a ansiedade
Segundo Assis, pessoas com piores condições financeira, assim como aquelas com menor rede de apoio e contato social e familiar, além das já descritas acima, também apresentaram maior tendência à insônia durante a quarentena em países como a China.

De acordo com a especialista em medicina do sono e editora da revista científica “Sleep Science”, Isabela Antunes Ishikura, solitários e vulneráveis economicamente estão mais expostas aos distúrbios do sono porque estão sob uma carga maior de estresse e ansiedade, principais causas da insônia.

“As preocupações deste momento rondam nossas mentes, principalmente na hora de dormir. Isso leva à ansiedade, o que prejudica o início do sono e favorece despertares durante a noite, além de um despertar precoce”, afirma Ishikura.

Para se desligar dos problemas na hora de dormir, a dica da especialista é “evitar excesso de notícias sobre a pandemia”.

Efeito “segunda-feira”
Sobral afirma que as pessoas têm reproduzido o que ele chama de “efeito segunda-feira” em todos os dias da quarentena.

“As pessoas acabam mudando seus horários de dormir e acordar nos finais de semana. Na segunda-feira de manhã a cabeça está como?”, compara o médico para explicar a importância de se manter horários e uma rotina durante todos os dias.


Não durma a mais nem a menos
Dormir demais ou pouco é relativo e varia de pessoa para pessoa. Conhecer o quanto que seu corpo necessita é um dos passos para combater a insônia.

“O número de horas necessárias de sono varia em cada indivíduo, em média, 7.5 horas, 2 horas para mais ou para menos ainda podem ser normais”, explica Sobral. “O sono gosta de quantidade ideal, qualidade e ritmo!”
O especialista também indica que os cochilos devem ser evitados durante o dia, mas se a pessoa sentir necessidade de descansar, o certo é dormir por menos de meia hora e logo após o almoço.

Excesso ou falta de exercício
“A atividade física está muito reduzida com o isolamento. Acontece que o sedentarismo provoca menos cansaço no final do dia, o que causa um efeito negativo para o início do sono e a propensão para adormecer”, explica Assis.

Por outro lado, o excesso de exercícios físicos a noite também prejudicam o pegar no sono.

“Atividades físicas muito intensas aumentam o metabolismo e a temperatura do corpo, isso pode prejudicar o adormecer, pois nosso sistema nervoso central precisa baixar a temperatura interna para favorecer a atividade dos núcleos de controle do sono”, aponta Sobral.

Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/viva-voce/noticia/2020/05/12/problemas-com-o-sono-durante-a-quarentena-preste-atencao-no-tempo-que-voce-passa-no-celular-principalmente-antes-de-dormir.ghtml

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